A cada dia me sinto melhor. Nossa como é bom pensar que tudo começa a voltar ao normal. Apesar de ainda ter tratamentos a fazer, na minha cabeça sempre a sensação que o pior já passou. Vontade de ficar comemorando a todo momento minha vida. A doença me deixou muitas marcas, uma delas o medo. Sinto que esse sentimento agora fará parte de toda minha vida, como se fosse uma sombra a me perseguir. A cada exame, o medo dos resultados, o medo da doença voltar, o medo de passar por todo sofrimento novamente, o medo de ter medo. Por outro lado as marcas boas, o aprendizado, a valorização da vida, dos detalhes. Os cabelos começaram a aparecer, e um simples detalhe como usar shampoo novamente é um presente. Não vejo a hora de começar por exemplo a penteá-los. Coisas pequenas?, talvez. Para mim sinônimo de renascimento, de um recomeço. Tudo está novo, diferente, ou não. Na verdade tudo continua igual, o que mudou foi a minha forma de ver as coisas, e isso foi a maior marca que a doença me deixou. E que marca, pois sinto como tivesse ganho o melhor e maior presente da minha vida.
''Não é que seja exatamente corajoso, meu coração tem é isso de bom:
não ocupa espaço com mágoas e,
com o tempo, ele se tornou desmemoriado
pra assuntos de frustração.
Quando me dou conta, lá está ele amando de novo,
sorriso de orelha a orelha,
com tal frescor que parece que nunca foi ferido.
Dá, sim, pra ver uma cicatriz aqui e ali,
outras mais adiante, que cicatriz
não morre, mas ele não liga.
Nem eu. Não é que seja exatamente teimoso,
meu coração tem é isso de bom: gosta de amar.
não ocupa espaço com mágoas e,
com o tempo, ele se tornou desmemoriado
pra assuntos de frustração.
Quando me dou conta, lá está ele amando de novo,
sorriso de orelha a orelha,
com tal frescor que parece que nunca foi ferido.
Dá, sim, pra ver uma cicatriz aqui e ali,
outras mais adiante, que cicatriz
não morre, mas ele não liga.
Nem eu. Não é que seja exatamente teimoso,
meu coração tem é isso de bom: gosta de amar.
Eu também.''
Ana Jácomo