segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Quimioterapia e saudade...

Hoje fiz minha sexta  sessão de quimioterapia. Faltam somente duas, estou em  contagem regressiva. Muitas pessoas me perguntam como é o local. Então vamos lá falar um pouco sobre isso. Uma clinica onde tem muitas poltronas bem confortáveis , e lá várias pessoas fazendo o tratamento com a medicação intravenosa, passamos pelo menos 4 horas recebendo o milagroso remedinho. Sempre me pego olhando para essas pessoas, a maioria delas já com idade avançada, mais de 70 anos, me percebo sempre a mais nova do pedaço. E fico com pena desses fiéis lutadores e lutadoras  já com semblante cansado  passando por isso. E ai uma das vezes que estava com esse sentimento, me percebi ali, com apenas 31 anos passando pela mesma situação. Como posso sentir pena deles já que viveram uma vida plena e somente agora com uma idade avançada estão tendo que passar por isso. Eu com pelo menos metade da idade deles, e com a mesma seriedade e gravidade que a doença traz. Confesso que em um primeiro momento é difícil me ver nessa situação. Por outro lado penso que estou tendo uma chance de com apenas 31 anos ter toda essa experiência ainda jovem para poder viver uma vida ainda longa e plena com muita sabedoria e maturidade. Lado positivo da coisa?, sinceramente não sei, mas preciso me apegar em algo bom. Não consigo em momento algum ter pena de mim como tenho deles, o sentimento que tenho muito forte sempre dentro de mim é que preciso ser mais forte que tudo isso, e sinceramente acho que estou me dando bem.

No último dia 11, meu querido e amado avô partiu, câncer. Viveu 80 anos muito bem vividos, e chegou a hora de descansar. Um nó na garganta confesso em estar aqui escrevendo sobre ele, a saudade ainda é dolorida. Mas o que realmente fica é tudo que ele nos trouxe e ensinou, um homen de bem que construiu uma família essencialmente linda, sempre nos ensinando construir tudo na base do amor e na fé, uma homem diferente, um avô de verdade. Me lembro sempre dele me colocando para subir em pés de manga, tamarindo, e sempre com pés descalços e sujos. Uma infância muito bem vivida ao lado dessa pessoa incrível que somente nos ensinou a amar e ser felizes. Dias desses, depois da partida dele, minha filha de 5 anos Tainá me disse: “ mamãe, o vovô José não morreu, ele está vivo, vejo ele o tempo todo brincando com uma roupa branca e ele está feliz”. Imaginação?, acho que não. Ele era assim, uma criança grande, sempre estava brincando, acredito nas palavras da Tainá, onde ele estiver com certeza está brincando e feliz. Tenho certeza também que ele sempre estará olhando por toda minha família. Em especial nesse momento por mim, penso que ele foi antes para estar com papai do céu pedindo pela netinha aqui, pedido especial, minha cura. Vôzinho você sempre estará vivo em meu coração.
 "Ó meu pai do céu, limpe tudo ai, ta chegando um vôzinho, precisando dormir, quando ele chegar, tu me   faça um favor, dê um banto a ele que ele me benze aonde eu for..."
                                      SAUDADE É O AMOR QUE FICA!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

E no meio do caminho...

O ano já começa turbulento. Uma nova cirurgia prevista para o final do mês. Preferia ter começado esse ano diferente, sem novas surpresas como esta. Mas, assim começo meu ano já exercendo o que tenho aprendido muito esses últimos meses, compreensão e paciência. E no meio do caminho mais esse obstáculo a enfrentar. Confesso fui pega de surpresa e a princípio uma chateação me consumiu. Mas após digerida a situação, me sinto pronta para enfrentar mais essa etapa. E como sempre digo aqui, temos sempre que fazer escolhas em nossas vidas, e a minha sempre foi enfrentar e lutar da forma mais tranquila possível.
Vencida também mais uma etapa de quimioterapia, a 5 sessão. Uma medicação diferente das outras, no entanto para mim mais uma novidade a ser enfrentada. Foi tudo bem, graças a Deus. Não tive tantos efeitos colaterais como as outras. Menos uma sessão, mais esperança. Só faltam mais 3 sessões e fim dessa etapa. Depois tenho sessões de radioterapia e outras medicações e ao final mais uma cirurgia . Quando termina tudo isso?. Também gostaria muito dessa resposta, de certo quando eu estiver pronta e aprendido tudo que preciso. Espero entrar o próximo ano com essa batalha vencida deixando de ser sobrevivente de toda essa história para simplesmente viver.
      ''Dizem que o riso é a música predileta de Deus,
                           intuo que é verdade. ''
                                  Ana Jácomo


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Uma vida para sonhar

Uma vida ainda longa para sonhar e sonhos para sobreviver. Um ano turbulento, cheio de aprendizados dolorosos, mas necessários. Progressos lentos e reviravoltas constantes. E assim o ano acabou.
Começo o ano zerando todas as dificuldades e trazendo aprendizado e amadurecimento que me foram impostos e entraram na minha vida sem se quer bater na porta, mas que agradeço de todo coração ter sido invadida por eles.  Um olhar novo, uma oportunidade nova de viver essa vida tão bela. Novas esperanças e muita luta ainda pela frente, a batalha continua e espero entrar o próximo ano com ela já vencida.
Peço nesse ano que se inicia muita saúde e muita força, que papai do céu continue de mãos dadas as minhas para que eu possa continuar minha batalha e sair vencedora. E desde já agradeço ao mesmo pelo privilégio de tantas conquistas e aprendizados nesse ano que se passou e que eu saiba usufruir dessa experiência e amadurecimento por esse ano que se inicia e por toda minha vida.
Desejo a todos em 2011, um início de ano doce como algodão doce, muito amor, um olhar novo e a capacidade de realização de muitos sonhos no decorrer desse e de muitos anos.
''O tempo, de vento em vento, desmanchou o penteado arrumadinho de várias certezas que eu tinha, e algumas vezes descabelou completamente a minha alma. Mesmo que isso tenha me assustado muito aqui e ali, no somatório de tudo, foi graça, alívio e abertura. A gente não precisa de certezas estáticas. A gente precisa é aprender a manha de saber se reinventar. De se tornar manhã novíssima depois de cada longa noite escura. De duvidar até acreditar com o coração isento das crenças alheias. A gente precisa é saber criar espaço, não importa o tamanho dos apertos. A gente precisa é de um olhar fresco, que não envelhece, apesar de tudo o que já viu. É de um amor que não enruga, apesar das memórias todas na pele da alma. A gente precisa é deixar de ser sobrevivente para, finalmente, viver. 
A gente precisa mesmo é aprender a ser feliz.''
(Ana Jácomo)